rascunho para um longa metragem.
Muito feliz.
Chorava todos os finais de semana porque não sabia que era feliz.
Em noites mais difíceis, Clarice trazia um copo de vodka exclamativo em sua mão. Com mistérios monossilábicos fazia frases curtas. Tinha muito bom gosto. Mudou-se de sua cidade natal, somente para mudar os ares. Na capital paulista encontrou um milhão de amigos, um amor e outras dezenas. De um amor teve um fruto.
Teobaldo se mudou também. No seu caso quando acabou o dinheiro, o trabalho e o amor. Mudou para outra capital e foi exatamente nesse momento que conheceu Clarice. As conversas se davam pelos chats com câmera, por e-mails, infinitas mensagens de celular, mesmo não se conhecendo pessoalmente, os dois alimentavam uma paixão virtual.
Téo escolheu Clarice pelas redes sociais, a princípio achava que iria se enganar com a beleza da foto, mas anos depois pode ter certeza de que não.
Clarice não conhecia o mar. E odiava tomar sol. Téo gostava de se queimar, dizia que ‘se for à praia, que pegue ao menos um bronze. ’
Ambos passavam pelo mesmo momento, ela procurava um apartamento, ele também. Encontravam. Ele procurava por um novo emprego, ela também. Encontravam. Cada um na sua capital. A ansiedade ia embora nas conversas por voz e pelas letras. Chegavam a combinar, um, dois, três encontros, mas não se encontravam.
Os papos diminuíram, as opções aumentaram. Novos beijos, outras conversas e a distância foi fazendo sentido. Cada um no seu canto seguiu o seu caminho. Téo começou a namorar sério na sua capital e Clarice foi morar com um rapaz e depois engravidou.
As conversas eram curtas, mas existiam. Clarice disse que esperava uma menina e Téo desejou muita sorte. Queria enviar um presente mas sentia uma distância absurda de Clarice. Pensava ser o ciúmes do seu namorado.